segunda-feira, 20 de dezembro de 2010

Projetos

Projetos são desejos que rasgam as manhãs e as tardes, enveredam sozinhos nas cidades, em contramão, como sonhos que permeiam esperança nos intervalos das duras pedras de nossas ruas e solidões.

São como ventos generosos que nos insuflam alegrias e possibilidades nunca imaginadas até serem pensadas e inventadas.

São como intempestivas tempestades a correr e mover os céus, empurrando ao longe as tristezas e melancolias do repetido e do igual.

E quando eles e elas cessam, como ventos e tempestades, na calmaria da morte, somos menos e menores porque nos faltam a sua fala e o seu desígnio.


domingo, 19 de dezembro de 2010

Acaso e permanência do mundo



Que seja gentil a brisa

Calmas sejam as ondas

E que cada elemento

Responda favoravelmente

A nossos desejos.


Mozart



No mundo das coisas, comenta Hannah Arendt, “o artifício humano só se torna uma morada para os homens mortais, que sobreviverá ao movimento mutável de suas vidas e ações, na medida em que transcende a mera funcionalidade e utilidade das coisas produzidas para o seu consumo e para o seu uso” , assim, a cidade, a casa e a moradia dos homens, para além dos limites do imediato e da morte deve ultrapassar o fim exclusivo de reprodução da vida e da finitude humanas.

Para Heráclito, o homem habita na proximidade do extraordinário: o ordinário, que é o homem, convive na sua morada com o extraordinário, no lugar onde fica, no lugar que é seu, onde permanece, demora e onde tem a compreensão do tempo e da temporalidade, onde ele se coloca diante do acaso.

O acaso não é, portanto, o que deve ser evitado, mas, pelo contrário, o que deve ser positivado e afirmado. A irrupção do acaso, do acontecimento único e excepcional, dá o ritmo, dá a qualidade e o sentido ao mundo.

O acaso irrompe diretamente na estabilidade do mundo, como um incessante exercício da liberdade, como uma ruptura das continuidades, como um feito pleno de surpresas, “onde o que não poderia ser se afirma”.

É preciso, desta forma, aos homens, manter as condições, em sua morada, em sua cidade, do acesso à possibilidade do acaso, permitir a possibilidade da diferença, do improvável, do surpreendente, estar disponível diante do sublime e do maravilhoso.

Mas onde estão hoje, onde estarão visíveis hoje os sinais desta possibilidade?

A ambigüidade dos sinais é da essência do mundo contemporâneo, destes sinais que se deixam aparecer por instantes, expondo-se aleatoriamente um pouco, suficiente, ao seu gosto instável e interesse, precisando uma atenção especial à graça e ao risco de sua aparição.

Já para Gadamer, “A verdadeira experiência é aquela na qual o homem se torna consciente de sua finitude,... a experiência é, pois, experiência da finitude humana” . Assim, neste processo de (re) conhecimento dos sinais do mundo, o homem tem a consciência da suas limitações, quando passa, a saber, pela prática, que não é senhor do tempo nem do futuro, quando percebe quais os seus limiares e suas fronteiras.

A experiência, desta forma, se constitui sempre como um diálogo, uma abertura para a fala de um outro, um contato com a temporalidade e imprevisibilidade dos outros, que ao serem compreendidas ou interpretadas, se expõem, ambígua e diversa, em matéria e concretude, a todos os homens, ao esforço de compartilhamento da finitude do mundo.

As cidades, local concentrado desta troca e compartilhamento, são os locais de uma experiência compulsória, distraída ou atenta, que coloca-nos em contato direto com a finitude da vida, com as perdas que ela nos impõe, pela sua própria presença, frente à continuidade e a presença de suas formas e do seu decaimento material no tempo, até a sua desaparição total ou a sua lenta transformação em ruínas.

Nas cidades, aprendemos a viver e conviver com as inúmeras falas, originárias de múltiplos pontos e posições, que nos atingem, de maneira desigual, disputando a nossa atenção e afeto, em uma balbúrdia que a cada instante são acrescentados novos significados, outros atores, inovadores roteiros e deslumbrantes efeitos.

Aprendemos, para sobrevivermos, em parte ilesos no meio de tantos apelos, a nos tornar-nos um pouco surdos, manter-nos um pouco cegos, ficando um pouco apáticos e insensíveis, distraídos, mas atentos aos signos que nos convidam ao diálogo contínuo e ao entendimento mútuo.

A questão original da cidade é definir e significar os limites e fronteiras materiais do corpo, individual e social, em uma linguagem não verbal, que mesmo diante da descoberta do infinito do universo continua a projetar lugares cerrados, que ao se tornarem particulares ou singulares, expõem esta relação limítrofe dos homens com o seu mundo terreno.

As cidades dos deuses e dos mortos, aberturas para o transcendente e o ilimitado, expõem mais explicitamente esta experiência da limitação humana, mantendo-se, quando preservadas, como marcos desta ambição à permanência espiritual e da indignação com a condição precária da vida humana.

Mas será que agora a arquitetura e as cidades estão emudecendo diante de uma “tecnologia virtual” que a propor a eternidade e a imortalidade, num congelamento do tempo e suspensão da morte, precisa necessariamente apagar no texto arquitetônico, a perda e a morte, o desgaste e a decadência?

Esta vontade estaria transferindo características da realidade imaterial para o mundo real, em um processo de virtualização do espaço humano, ao embate que destrói o singular e o plural?

Não há um equivalente às formas. Elas, organismos únicos, só podem ser trocadas por uma outra forma, também única, nunca por uma semelhante ou idêntica. “Neste aspecto, diz Braudillard, as formas - a espécie, ou a própria vida - não obedecem a nenhuma lei moral”. Sugere ele, que, “não faz sentido opor a imortalidade do semelhante, da repetição, do clone, do vírus a uma moralidade de valores e diferenças; é necessário opor à imortalidade a imoralidade superior das formas.”

Mas que seria esta a única potência da imoralidade das formas?

Seria a sua singularidade que não se subordina a nenhuma regra generalista, que transcende, na sua inovação, aos valores individuais ou mesmo coletivos, às regras do jogo, e assim, desta forma, não podem ser negociadas, trocadas por qualquer outra espécie artificial ou virtual?

Ou seria a imoralidade, um atributo exclusivo das formas produzidas pela espécie humana, inventadas pelo pensamento, nas obras que ultrapassam as exigências de reprodução da espécie, e imoralmente, insensatas, escapam das determinações da natureza e da história, de suas leis universais causalistas e finais?

Que superioridade estas formas possuem, resultado destas suas singularidades e imoralidades, que, resistem ao desejo da imortalidade e não se esquecem do decaimento da morte?

Como elas, orgânicas ou pétreas, se inscrevem, nascem e perecem na história, e não aceitam, submissas, o insensato desejo de sua perpétua manutenção, chocando-se, desgastando-se permanentemente, em resistência velada ou em movimentos descontrolados, em direção a sua extinção?

São estas coisas que impressas no mundo, em ciclos de vida diferentes, umas voláteis e efêmeras, desmanchando-se a qualquer sopro, outras mais duras e graves, que mal se podem perceber em suas faces os riscos do tempo, e neles reconhecer a passagem dos séculos, imorais, umas e outras, à lógica do saber e da contingência, que comparadas entre si, brisa e pedra, graça e gravidade, opostas, ambas, parecem insensíveis ao esclarecimento de seus mistérios, que as formaram e que as fazem desaparecer.

Serão elas, formas humanas, insensatas e imorais, as responsáveis pela fortuna da história, pelas pequenas e efêmeras felicidades, perdas e sofrimentos que desfrutamos na vida?

Estamos em outros tempos. O espaço construído não é mais o único ou privilegiado suporte para a experiência e a veiculação de valores morais, políticos e culturais. Novos meios, mais rápidos, instantâneos e virtuais expandem-se rapidamente e passaram a permitir que em qualquer lugar do globo possamos ter acesso as mais recentes informações, não exigindo a presença física e o peso de sua materialidade.

As cidades, onde se ergueram e destruíram monumentos e palácios, que colocavam na experiência e no contato físico as marcas dos poderes, projetos e ideologias, são superadas por trocas imateriais, através das telas planas dos monitores, sem profundidade ao olhar e sem maciez ao tato.

Os novos artefatos tecnológicos, da clonagem e da virtualidade, num cego sonho de sobrepujar a morte por meio da imortalidade, buscam atingir o mais terrível dos destinos, da indeterminação, da semelhança, da indiferenciação.

Ë preciso lutar contra esta possibilidade, pois diante da menor hesitação nesta luta, “uma luta pela divisão, pelo sexo, pela alteridade”, os seres vivos se tornarão repetidamente indivisíveis, idênticos e iguais uns aos outros.

Só os crentes ainda têm a fé que destruindo ou construindo símbolos e ídolos materiais iremos refazer e reunificar o mundo fragmentado e voltarmos a compreender e compartilhar a sua totalidade. O poder, o capital e o trabalho, a revolta e reação, estão cada vez mais se articulando em torno do intangível, do sem lugar, do etéreo, onde buscam dar visibilidade mundial e imediata aos eventos encenados.

O espaço construído abandona a sua máscara e revela a sua brutalidade. A brutalidade das necessidades de reprodução e consumo, a aspereza e a violência dos conflitos, o paroxismo do prazer hedonista, todos experimentados e consumidos em um presente perpétuo.

A cidade, local de contato e significação cultural, que exige tempo e divagamento para a sua apreciação e compreensão, se retrai, se reduz a uma situação de passagem, eixo da circulação acelerada dos corpos exaustos e dos objetos insensíveis.

Somente nas ocasiões das tragédias, quando dilacerados, os corpos despedaçados voltam às manchetes, aos jornais e aos vídeos, são expostos em suas verdadeiras essências, um monte de ossos e peles, nervos e sangue, são expostos em suas fraquezas e na sua condição mortal.

As cidades, a maior, mais antiga e mais complexa produção coletiva humana, ‘e o palco privilegiado deste embate onde os múltiplos projetos políticos e classistas buscaram estruturar e conformar a forma primeira a ser reconhecida, os olhares e os textos que amparam o poder e o controle social.

As formas que configuraram a cidades, suas particularidades locais, geográficas e étnicas, aparentemente permanentes em suas durezas e materialidades, se transformam com as múltiplas velocidades das mudanças, e a mesma rua ou edificação que em uma década ou século representava uma coisa, logo, de um outro ponto de vista ou colocada em outra moldura, passam a inverter os seus sentidos e ou significados, recuperam outras memórias e outras lembranças.

Quais as imagens ou rastros que se fixam, ou são produzidos, como fantasmas, marcas e indícios para a exploração ativa desta disputa pela rememoração hegemônica?

Serão elas naturais, estas imagens preservadas em sua originalidade a serem recuperadas em suas essências ou invenções culturais, ou artifícios erigidos para obstruir a memória, para pre´selecionar o escolhido e sepultar o esquecimento do indesejado?

“A verdadeira imagem do passado perpassa, veloz”, nos acorda Walter Benjamim, e articular historicamente o passado não significa refazê-lo, mas “significa apropriar-se de uma reminiscência, tal como ela relampeja no momento do perigo,... e em cada época, é preciso arrancar a tradição do conformismo”.

Onde se encontrarão, virtual e real, no encontro e no perigo da vida pública?

Sob o risco e o receio de perdermos as chances e reproduzirmos contínuos fracassos, uma imensa vontade nos possui e nos ocupa, uma intensa tensão nos movimenta e eletriza, em uma situação onde só o impulso da vida nos impõe romper os limites do controle e do futuro antecipado.


Kleber Frizzera

Maio 2009

sábado, 18 de dezembro de 2010

No jardim da Costa Pereira

Ali, neste lugar especial,
diz o poeta Waldo Motta no seu poema No jardim da Costa Pereira:

Se o que eu fora jazesse
Sob a terra fresca e perfumada
Deste jardim público;
Se estas gramíneas e estas palmas lânguidas
Fossem filamentos clorofilados de mim
E em cujas artérias corresse o meu sangue,
A seiva rubra cambiada em verde;
E se nessa minha existência vegetal
Houvesse, ao menos de quando em vez,
Esta brisa que neste instante acaricia
As folhas longas e lassas,
Como se as ninasse para um sono
Profundo e infinito....
Se o que eu fora jazesse
Aqui diante de mim que estou imerso
Na contemplação das folhas embaladas
Pela brisa suave que as perpassa, leve, suavemente...
Ah, eu tenho certeza que seria feliz !”

Vitoria em luz

Projeção Multimidia Teatro Carlos Gomes 17/12/2010.
A luz invade a praca Costa Pereira, transforma o Teatro, ilumina os desejos dos olhares dos transeuntes, todos vagabundos, faz que a cidade se transfigure na noite de dezembro, imagine, ressoem as brisas, que vindo do mar invadem os corpos e corações, desencantando os seus longos fantasmas e projetos.

domingo, 12 de dezembro de 2010

Quando

As condições históricas que favorecem a emancipação tanto favorecem a dominação, diz Eagleton, sao momentos quando a mudança social e’ necessária e também e’ possível devido aos avanços materiais, e neste sentido e oportunidade “ a necessidade da revolução e’ puro realismo”.

Na atual conjuntura do Brasil, esta dupla situação, as melhorias das condições materiais de parte da população e a manutenção de um sistema econômico injusto impõem a demanda de uma transformação mais radical, política, social e cultural, capaz de romper a memória e a historia da escravidão, da exploração e da violência.




sábado, 11 de dezembro de 2010

Passagem

É temeroso se deparar com o real.
È um desafio encarar de frente o humano, suas limitações e grandezas, suas partes desconexas e uma totalidade infinita, contemplar as múltiplas faces de suas generosidades e horrores.
A arte, a ciência, o amor e a política, diz Alan Badiou, são as quatro formas de tentar compreender e viver estas contradições, desfrutar seus prazeres e desencantos, buscar superar a finitude material e disputar a felicidade.
Estranho, ou não, o desejo conservador de uma única certeza, de uma ordem negativa, publicado na algaravia dos jornais e falas midiaticas, que diante de mudanças inevitáveis, sócio, culturais, ambientais, que diante da emersão de uma nova multidão, seus desejos ocupando ruas e quintais, expõem a real face do preconceito, da intolerância, da exclusão e do medo das mudancas.
Vivemos momentos de passagens, construímos uma história onde novos atores e classes movem-se desajeitadamente nos campos político, economico e social, demolindo mitos liberais e verdades eternas, ouvindo e vivendo por todos os lados, gozos e imperfeições.
O pais muda, o estado se transforma, a cidade range com novos personagens, exibindo seus carros, roupas, corpos e personas.
A política, a forma humana de negociar o irreconciliável, expor e enfrentar as diferenças e violências incomparáveis é vilipendiada como tarefa de corruptos e oportunistas, negando a oportunidade do debate franco e da democracia plena.
Construir pontes é tarefa de hoje.
Ligando lados e margens múltiplas, as pontes são trabalhos de Hercules, implicam suas obras paciências e perseveranças cotidianas, na determinação de erguer consensos parciais, de inventar percursos impossíveis.
Construir pontes é sobrepor passagens sobre passagens, é ligar territórios separados, é potencializar esperanças.
Parabéns para os que constroem pontes.

sábado, 4 de dezembro de 2010

Vitoriamundo


Vitória é uma cidade de projetos desperdiçados, de inúmeros projetos deixados incompletos, superpostos os seus riscos, desenhos e ruínas em camadas sobre as suas ruas, praças e avenidas.

Mas talvez seja esta a sina de todas as cidades, incapazes de conterem em seus limites todas as possibilidades pensadas, impotentes elas de completarem as suas faltas e carências.

Vitória é quase uma metrópole, quase uma ilha, quase um balneário, inscritos os seus sonhos públicos e privados em lugares, palavras e fotografias.

Mas talvez seja este o destino de todas as vilas, imaginadas sempre como outros lugares, ambicionadas como novos paraísos terrestres, mas aprisionadas nas suas permanências e nas suas tentativas de transformações.

Vitória é quase uma vida, quase uma graça, quase uma fortuna, é uma expectativa ameaçada, uma promessa frustrada em cada geração.

Mas talvez seja esta a sorte de todos os lugares, sujeitos de nossos sonhos, que flutuam etéreos em nossas mentes, que vagam pelos ares circulando por entre altas nuvens até que possam pousar, em ofertas propícias a nossos sítios e espaços concretos.

Projetos são como desejos, enveredam sozinhos, em contramão, esvoaçam como brisas que permeiam esperanças nos intervalos das duras pedras de nossas ruas e solidões.

São como ventos generosos que nos insuflam alegrias e possibilidades nunca imaginadas até serem, alguma vez, pensadas e inventadas.

Projetos são como intempestivas tempestades a moverem os céus, empurrando ao longe as tristezas e melancolias do repetido e do eterno igual.

E quando eles e elas cessam, ventos e tempestades, na calmaria da morte, somos meninos, menos e menores porque nos faltam os seus riscos e os seus desígnios.

Mas poderemos observar, compreender no quotidiano, o que se anuncia como potência transformadora, da mesma forma que nas frestas do quotidiano e do real o artista ilumina as suas contradições; da mesma forma como o corpo mergulha insatisfeito no exercício do puro gozo?

Nos intervalos do poder e do capital, pequenos e frágeis territórios vão se instituindo, de forma fugaz ou provisória, abrigando eventos mínimos ou extraordinários, com uma menor ou maior inserção nos processos econômicos dinâmicos.

Nestes interstícios, aproveitando-se de sobras em bairros ricos e glebas periféricas, acontecimentos se instalam, se deslocam, se alteram, buscando adquirir melhores posições nos processos de (re) configurações globais do espaço, utilizando-se de táticas que se aproveitam das vantagens locacionais.

São pequenos e móveis estes territórios, como também são transitórios os usos e apropriações gerados por estes deslocamentos, que se aventuram, atrás de diversão, de encontros fortuitos, em busca de pequenos serviços, de jogos de prazeres e fruição, e que alteram os seus percursos e caminhos diante de novos estímulos ou atrações permanentes ou temporárias.

São efêmeros estes eventos, circulam sem deixar riscos, soprando e espalhando novidades e notícias, refrescando os corpos, insaciáveis e ansiosos com a aceleração do tempo, suas duras emoções e sentidos em oposição às desmaterializadas informações, que circulam instantaneamente, mas não satisfazem os desejos e a paixão dos corações ardentes.

Mas é preciso estar sempre atento, aberto às novas possibilidades e potências, descobrir nichos, partes, vetores, é preciso estar disposto a correr riscos e a produzir novidades, para participar, experimentar desta graça, se apropriar desta iniciativa, para se inscrever na teatralidade urbana cotidiana, “lugar privilegiado dos afetos e das paixões”.



O mal urbano

Uma das respostas, mais comum e simplista, diante da crescente expansão urbana nos últimos dois séculos, diante das catastróficas situações sociais, ambientais e culturais das grandes cidades, foi compreender este fenômeno como a perda de uma situação idílica rural e comunitária pré industrial, gerada pela ganância dos interesses econômicos e pela omissão dos poderes públicos locais, comprometidos com o interesses da especulação e da propriedade privada, numa mistura da critica radical marxista ao capitalismo e de uma nostalgia conservadora da harmonia da experiência dos parques rurais aristocráticos, burgueses ou religiosos.


Perdas e ganhos

Toda transformação econômica, principalmente quando acelerada, implica rápidas perdas e ganhos. Quem perde e quem ganha, o que se perde e o que se ganha, como estas perdas e vantagens são percebidas como particulares ou coletivas, individuais ou universais, ou apenas como posses abandonadas de setores sociais deslocados de suas posições dominantes são parte das questões que se impõem nas disputas de poder, status e riqueza que movimentam e agitam este momento histórico.


Vitoria 2 Potencias


A transformação de uma cidade provinciana, na sua formação histórica, política, cultural e econômica, em uma possível metrópole regional, com um maior peso relativo no processo de desenvolvimento nacional é a questão, o desafio, o risco ou a oportunidade que se apresenta atualmente para a cidade de Vitória.

Vitoria1

Objetivo:
Publicar textos e reflexoes sobre a cidade de Vitoria, Espirito Santo, Brasil.