sábado, 11 de dezembro de 2010

Passagem

É temeroso se deparar com o real.
È um desafio encarar de frente o humano, suas limitações e grandezas, suas partes desconexas e uma totalidade infinita, contemplar as múltiplas faces de suas generosidades e horrores.
A arte, a ciência, o amor e a política, diz Alan Badiou, são as quatro formas de tentar compreender e viver estas contradições, desfrutar seus prazeres e desencantos, buscar superar a finitude material e disputar a felicidade.
Estranho, ou não, o desejo conservador de uma única certeza, de uma ordem negativa, publicado na algaravia dos jornais e falas midiaticas, que diante de mudanças inevitáveis, sócio, culturais, ambientais, que diante da emersão de uma nova multidão, seus desejos ocupando ruas e quintais, expõem a real face do preconceito, da intolerância, da exclusão e do medo das mudancas.
Vivemos momentos de passagens, construímos uma história onde novos atores e classes movem-se desajeitadamente nos campos político, economico e social, demolindo mitos liberais e verdades eternas, ouvindo e vivendo por todos os lados, gozos e imperfeições.
O pais muda, o estado se transforma, a cidade range com novos personagens, exibindo seus carros, roupas, corpos e personas.
A política, a forma humana de negociar o irreconciliável, expor e enfrentar as diferenças e violências incomparáveis é vilipendiada como tarefa de corruptos e oportunistas, negando a oportunidade do debate franco e da democracia plena.
Construir pontes é tarefa de hoje.
Ligando lados e margens múltiplas, as pontes são trabalhos de Hercules, implicam suas obras paciências e perseveranças cotidianas, na determinação de erguer consensos parciais, de inventar percursos impossíveis.
Construir pontes é sobrepor passagens sobre passagens, é ligar territórios separados, é potencializar esperanças.
Parabéns para os que constroem pontes.

Nenhum comentário:

Postar um comentário