sexta-feira, 28 de outubro de 2011

Um movimento sem fins, com meios.


Acompanhar, a uma certa  ou prudente distancia, as ações e deslocamentos dos atores locais, em seus diversos níveis de influencia, poder e manifestação, sejam eles públicos ou privados, me alivia o envolvimento da decisão cotidiana e me permite apontar, ou ao menos tentar, a critica dos seus procedimentos e intenções.
Uma posição na mesa de reunião, um movimento do corpo, das mãos, a flexão velada da fala, o gesto de reconhecimento ou cumprimento ou a distinta recusa me expõem, como o tom da gravata, os reais, serão eles reais?, interesses que o discurso escamoteia ou emite em limitada parte ou diapasão.
Alguém anota com estudado cuidado uma data na agenda, um outro um rabisco sem sentido no papel em branco, e um documento, um mapa que circula a mesa e desperta preocupação, traz uma surda provocação, uma resposta evasiva, e assim a reunião, em seus altos e baixos, chega ao fim, oponentes e aliados, uma decisão em aberto a negociação futura, alguns recados deixados no ar, ameaças e desafios.
Qual a ordem oculta deste malabarismo?
Lucro, poder, ideologia?
Quem representa quem, a que serve esta pantomima sem palco, que pode decidir futuros alternativos para o capital e para o trabalho, produzir uma nova situação e reposicionar poderes e lucros?
De um lado, o poder político, feito da árdua disputa eleitoral, dos compromissos públicos, são temporários ocupantes.
Do outro lado, ou do mesmo lado da mesa, o capital se move sorrateiro, nas brechas, nos desvios, buscando o caminho mais rápido para manter e ampliar os seus lucros, armada a lógica obtusa por entre os dentes afiados do caçador.                                                                                                    
Onde se enfia, avestruz, o observador?
Desaparecida em nuvens a arquibancada, a cadeira, o suor, o entusiasmo da boa batalha,
Da boa vida,
Da boa.

Confirmado em maio 2015